quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Notícias à espera de um jornal CDU - o deserto a norte

O deserto a norte

Em termos gerais imaginamos que o deserto fica para sul. Em Ourém corremos o risco de o deserto ficar para norte. Este ano, na região da Freixianda, com o encerramento das escolas e a anulação de duas das nossas freguesias, parece ser a conclusão de um processo intencional de desertificação forçada. Nem faltou o forte incentivo à nova emigração, pela destruição de empregos decretada pelo governo do PSD. Restam os que conseguem resistir ou os que já não têm idade para tentar. Fecham tudo, dos serviços de saúde aos correios, para que aqui não haja nada.

De uma ponta à outra das três freguesias, agora unidas à força pela vontade de um tal Relvas que foi ministro, o abandono dos campos é evidente. Já o era nos matos e pinhais, agora é também nas terras férteis das margens do Nabão. Desperdício de recursos a somar ao perigo de incêndio. 

Mas quem pode fazer alguma coisa? Os proprietários ausentes, ou os herdeiros que andam por longe? Ou serão os poucos proprietários que ainda restam mas que não têm capacidade se ocupar? Na verdade há um papel fundamental a desempenhar pelas autarquias. Não é o papel de ser polícia, nem é realizar os trabalhos de limpeza, até porque não havia orçamento que aguentasse para uma área tão grande. O papel da junta é ser conselheira, organizadora, maestro da banda, é ser liderança do esforço de todos. Uns podem pagar a sua parte dos trabalhos, outros podem colaborar com o seu próprio trabalho. Tem é de haver quem organize.

A junta de freguesia deve agir para facilitar a limpeza e disponibilidade dos campos a quem os puder cultivar, colaborar na gestão da água da rega. A câmara municipal deve colaborar no fornecimento de informação sobre quem são os proprietários, sobre as linhas de financiamento, sobre projetos viáveis.


Muitas vezes não é a quantidade de dinheiro que permite a uma junta fazer muita coisa, é principalmente a criatividade e imaginação para fazer mais com poucos recursos.

João Filipe Oliveira

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